segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amor, Posse e Rebeldia


Faz dois anos que Pedro e Julia uniram-se em matrimônio.
A partir daquele sim uma vida em conjunto se iniciara.
Os planos foram formados, as metas traçadas e os sonhos foram se evidenciando com o passar dos dias. Juntos, agora vivem todos os momentos, alguns maravilhosos e outros nem tantos. Mas faz parte, a vida é uma montanha russa, ora estamos por cima, adrenalina a mil e ora estamos lá embaixo, parecendo impossível chegar ao topo novamente. Mas não, os dias se passam, a montanha sobe e desce, o amor permanece jovem, forte e presente em todos os detalhes daquele casal que ama verdadeiramente. Hoje, século vinte e um, mundo evoluído e possessivo. Um casal se une para juntos viverem uma liberdade, uma vida de prazeres e aventuras.
Tudo é lindo e esplêndido,
Eis que surge uma gravidez. A barriga cresce e os pais sem nem conhecerem o filho já estão tomando as decisões que o pequenino deverá fazer em sua vida.
Qual a escola que estudará, quais os idiomas que irá aprender, o que ele irá fazer...
Enfim,
Um tremendo sentimento de posse toma conta daquele casal que acaba de engravidar.
"O filho é nosso, fazemos dele o que queremos..."
Uma criança está prestes a nascer, mas também, está prestes a iniciar sua vida sob vigilância da pesada, um caminho sufocado e cheio de "NÃOS" e barreiras.
Onze anos se passaram desde o nascimento do pequeno Lucas.
Viveu em cárcere privado, nada podia fazer além das vontades de seus pais.
Uma vida foi privada, até mesmo os livros que Lucas sempre leu foram devidamente censurados, as músicas que ouvia não eram as que agradavam seus ouvidos, mas sim, aos ouvidos dos pais.
Pobre coitado, o menino que surgiu em meio a tanto amor,
Agora sofre com a excesso do mesmo, cujo nome torna-se possessividade.
Uma vida foi moldada para o enclausuramento, a agressividade e o afastamento gradual dos sentimentos afetivos que deveria envolver uma família.
Foram dezoito anos em que Lucas viveu, ou melhor, tentou viver junto de seus pais.
Já não aguentou mais,
Por mais que tivesse tudo o que sempre quis, desde brinquedos, roupas e artigos luxuosos é chegada a hora de fugir, literalmente.
Para Pedro e Julia esta foi uma atitude sem explicação, será?
O menino saiu de casa tentando fugir daquele confinamento que estava destruindo sua vida, sua personalidade e suas ideologias.
Para os pais tal ato fora uma demonstração de ingratidão, de rebeldia, distúrbios...
Mas não,
Lucas sabia que a melhor forma de ganhar sua liberdade e começar a viver era sair daquela prisão psicológica e torturante.
Procurando auxílio psicológico, Lucas começa a desabafar sobre tudo que viveu ao longo dos anos,
Muito chorou, se enfureceu com algumas das atitudes dos pais, chegou a ter vontade de quebrar tudo, de desistir...
Até que chegou o dia em que resolveu fugir para a vida.
Hoje, depois de muito trabalho psicológico Lucas e seus pais sabem que a vida é uma porta aberta e que jamais deve ser trancada pela possessividade daqueles que dizem amar...
Os pais aprenderam que seu trabalho é ensinar e não repreender e prender,
O filho aprendeu que pode viver sozinho, que é forte e pode voltar a se aproximar dos pais sem estar junto fisicamente durante as 24horas do dia.
Estar junto e amar não é estar perto, mas sim, estar dentro.
Que fique aos pais a ideia que prender e sufocar os filhos com suas possessividades apenas os deixam mais enfurecidos, revoltados e sem vontade de estar junto.
E aos filhos que fique a ideia de que são livres, mas precisam parar, pensar e agir de forma correta, sendo persistentes nos detalhes, guerreiros, seguros e corretos naquilo que fazem.
Unindo as ideias chegaremos num ponto onde pais e filhos estarão próximos, os pais sem sufocar e os filhos consequentemente, sem se revoltar.

"A VIDA É UM JOGO, NÃO DE DOMÍNIO, MAS DE SABEDORIA... NÃO É PRECISO QUE UNS GANHEM E OUTROS NÃO. TODOS PODEM GANHAR
DESDE QUE SAIBAM ADMINISTRAR, PRINCIPALMENTE, A CABEÇA E O QUE FAZEM NAS ATITUDES."

Rubens Staloch

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